Ebinho Cardoso curador do Chapada in Jazz divulga música brasileira nos EUA com sua família.

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Lembram do Chapada in Jazz?

Ebinho Cardoso foi responsável pela curadoria das quatro edições que foram produzidas pelo casal Viviene Lozi e Eduardo Espíndola. Evento que pode voltar à cena Chapadense este ano!
Na primeira edição em 2010 ele descreve "É importante lembrar que uma característica dos festivais do gênero é trazer o desenvolvimento turístico e econômico para a região onde acontece. O sonho de ligar a magia e as belezas naturais presentes em nosso estado com um festival de jazz, fez com que não pudéssemos optar por outro local de realização do evento, que não Chapada dos Guimarães. Cidade que já recebeu em outros momentos nomes como Hermeto Pascoal, Carlos Malta, Arthur Maia e Victor Santos e agora receberá e apresentará à Mato Grosso grandes nomes da música nacional. Será uma celebração única da exuberante música brasileira no centro do país e uma oportunidade fascinante de intercâmbio entre a produção musical local e os músicos convidados.
Assim nasce o Chapada in Jazz Festival, festejemos todos essa conquista!"
Conheça sua história contada por Tania Rauber da Divino Mato Grosso

 
 
 
 

Rejane De Musis é cuiabana. O marido Ebinho Cardoso nasceu em Rondonópolis.Os dois se conheceram em solo mato-grossense.

Casaram e tiveram dois filhos, Yan, hoje com 19 anos, e Luiza, 11. 

Há sete anos eles vivem em Boston, no Estado de Massachusetts nos Estados Unidos, onde desenvolvem um belo trabalho de divulgação e valorização da música brasileira. Ebinho produzindo e gravando trabalhos próprios e também em parceria com grandes nomes da música.

Rejane possui um canal no YouTube, no qual incentiva o ensino do português através da música. 

Ela conta que a mudança para os Estados Unidos ocorreu após o marido receber um convite para ministrar oficinas no país. Ebinho foi apontado pela critica especializada uma das grandes revelações do contrabaixo brasileiro dos últimos tempos. "Ele viajava o Brasil inteiro.


Festival de Música Brasileira 

Após um festival, recebeu convite para ministrar uma oficina em Boston. Viajou duas vezes e, na terceira, decidimos mudar de vez". 

Rejane conta que a falta de incentivo contribuiu para a saída do Brasil. "A vida de músico era muito difícil em Cuiabá na época. Era difícil seguir carreira seja pela falta de espaço, ausência de políticas públicas consistentes, ou envolvimento e seriedade dos políticos". Foram seis meses de planejamento até a mudança. "A única certeza que tínhamos era a oficina que Ebinho ia realizar. Foi fundamental também o apoio que recebi do Sesc, onde eu trabalhava como técnica de música. Eles me deram licença de dois anos, ou seja, se não desse certo aqui, eu poderia voltar e teria meu emprego nesse período". 

O primeiro ano em território norte-americano foi bastante difícil. Adaptar à nova língua foi um grande desafio para toda a família. "Para o Ebinho foi dificil se comunicar com grandes músicos e professores. Para meus filhos também. Apesar de aprenderem a nova língua rapidamente, os primeiros meses foram difíceis. Minha flha chorava muito e falava que as crianças não sabiam falar com ela. Já eu senti muita falta dos debates culturais e convívio com pessoas desse meio". 

O clima também mudou e lidar com os dias de neve foi outro aprendizado. "Eu pensava na neve como algo bonito, não pensava no trabalho que ela dá, como por exemplo, ter que escavar para tirar o carro da garagem. Sem contar os tombos e escorregões".

Por outro lado, o talento artístico da família logo encontrou espaço na nova morada. Rejane conta que Boston é uma cidade multicultural, abriga gente de todas as nacionalidades e abre espaço para todos. 

Ebinho está trabalhando em um CD de poemas de João Cabral de Melo Neto, em parceria com o pianista uruguaio Fernado Michelin. O próximo trabalho será a gravação de poemas de Manoel de Barros. "A gente tem muito que fazer no Brasil, mas a carreira dele cresce aqui, principalmente como produtor musical. É um conhecimento muito complexo e ele estudou muito isso aqui". 

Rejane trabalha com um projeto de ensino do português como língua de herança por meio da música no canal de YouTube Praticutucá. Ela conta que tinha intenção de lançar o canal ainda em Cuiabá. "Quando minha filha começou ser alfabetizada em inglês comecei pedir ajuda de amigas para também ensiná-la em português. Aí eu descobri que a música é uma ferramenta muito eficiente para ensinar não só o portugues como também a cultura brasileira".

Nesse projeto, Rejane encontrou um grupo de pesquisadores que ensinam o português como língua de herança para crianças que chegam pequenas nos Estados Unidos ou nascem no país, mas no berço de famílias brasileiras. "Uso os vídeos para ensinar o português e estamos percebemos que, desta forma, as crianças estão se apaixonando pelo português, querem falar em português, cantar em português". 

Em 2016, o Praticutucá ganhou o prêmio de melhor projeto de ensino de português como língua de herança. Nesse ano, Rejane vai receber o prêmio de personalidade de Massachuts de ensino de português e o Praticutucá como projeto de destaque. 

E assim como os pais, o filho mais velho, Yan, também vem trilhando o caminho da música. Já fez alguns cursos e se prepara para entrar na faculdade de música. Enquanto isso, dá aulas de música em uma escola local e já sobe nos palcos. 

Esta é a história de uma família de artistas mato-grossenses fazendo história em terras distantes. "Construindo e divulgando a música brasileira aqui, conseguimos encontrar um caminho, mas não deixamos a nossa raiz, nossa origem e o nosso amor pelo Brasil morrer. Continuamos nos sentindo parte de nosso país e sentimos muita falta e apreço pelos amigos queridos que aí ficaram".