Exposição imperdível de Renato Campello no Bistrô da Mata até 21 de julho.

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Vinícius Lemos

 

 

 

 

Renato Campello é um apreciador da natureza e mora em Mato Grosso há 21 anos e cria suas obras de arte no silêncio da mata de Chapada dos Guimarães

 

Campello nasceu nas proximidades da Reserva Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai. O pai dele era capataz de fazenda e a mãe era uma cantora aposentada, que havia deixado a carreira para acompanhar o marido. 'Eles também eram artistas. Minha mãe, além de passar o dia cantando, também fazia pinturas. Meu pai era escultor, apesar de inexperiente na área', relata.

Inspirado pelos pais e pela natureza em que vivia, o artista começou a pintar aos seis anos. 'Eu pintava nos casarões da região e isso me fascinava. Era a minha forma de expressão na infância', relembra.

Ele foi aprimorando a técnica da pintura com o passar dos anos. Em paralelo, mantinha a paixão pela música, inspirado pela cantoria da mãe. Na adolescência, se mudou para São Paulo, onde trabalhou como guitarrista e, posteriormente, cursou a faculdade de jornalismo. Na Capital paulista, na década de 70, começou a trabalhar como chefe de arte das revistas infanto-juvenis na editora Abril.

No início dos anos 80, ele foi contratado pela editora Globo, no Rio de Janeiro, onde trabalhou como ilustrador de revistas infanto-juvenis. 'Aprendi com grandes profissionais da área. Foi um período muito importante para mim', conta.

Em 1984, Campello tomou uma decisão que mudou completamente a sua vida: deixou a segurança dos empregos com carteira assinada para ganhar a vida como pintor. 'Sempre amei a pintura. Acredito que as paisagens precisam ser vistas', afirma.

'Eu estava acomodado dentro do trabalho como ilustrador. De repente, me vi sem nada, simplesmente um pintor, tendo de ir às ruas para sustentar a minha filha. Na década de 80 e 90, não era fácil ser artista plástico no Brasil'.

 

 

 

 

Ele conta que o amor à pintura foi fundamental em sua vida. Ele passou a comercializar seus quadros, que classificava como 'meio apocalípticos', em feiras do Rio de Janeiro. Anos mais tarde, se mudou para as cidades mineiras de Tiradentes e Ouro Preto. 'Nessa época, quis voltar às minhas origens e viver no campo, em Minas Gerais. Para vender os quadros, ia para feiras em Copacabana, no Rio de Janeiro', declara.

 

'Sempre priorizei a pintura no campo, feita no próprio local, para que pudesse estar vivenciando aquilo que estava pintando. Nunca gostei muito do trabalho em estúdio', acrescenta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1987, Campello fez o primeiro trabalho em Mato Grosso. Na época, ele foi a Chapada dos Guimarães para passear e se encantou pela região. 'Eu pensei: um dia vou morar aqui. Fiquei encantado pela beleza cenográfica do lugar e pelas pessoas, que são incríveis. É uma região que traz paz', afirma.

Da primeira vez que veio a Mato Grosso até meados dos anos 90, Campello fez várias viagens a Chapada dos Guimarães. Ele fez diversos trabalhos no Estado, entre eles a reprodução de pinturas clássicas brasileiras na Câmara de Várzea Grande. Para o artista, retornar ao solo mato-grossense era uma forma de reencontrar a paz.

Em 1998, ele finalmente concretizou o sonho de morar em Chapada dos Guimarães. O artista plástico se mudou para a cidade junto com a esposa, a artista Ângela Godinho Campello, e com a filha Fabrícia Campello, que teve em seu primeiro casamento. Desde então, a família não se mudou mais.

 

 

Hoje, o pintor se inspira na beleza de Chapada para fazer as suas criações, que classifica como hiper-realistas. Ele conta que faz obras ao ar livre, em contato direto com o campo. 'Tento me desprender um pouco do realismo. A arte não precisa ser apenas objetiva. Ela precisa ser inspirada.

Estou tentando perceber outro nível de Chapada, além do que pode ser visível. A pintura traz percepções que você nem sabe o que é, mas você percebe', diz.

'Chapada tem muita luz, movimentos e esse algo místico que não há explicação. Acredito apenas na natureza, no domínio dela. Os guardiões que você vê nas pedras do local te dão essa dimensão mística. A arte dá vida a essa certeza de misticismo. Chapada transmite força, vida e permanência', acrescenta.

Em Chapada dos Guimarães, Campello possui uma casa próxima à região central do município e um sítio, onde ele faz a maioria de suas obras. 'Essa minha propriedade rural é como se fosse um retiro. Pinto na natureza, tentando vivenciar e estar dentro da obra', diz.

 

 

Os quadros são feitos com tintura acrílica. 'É o melhor material, porque produzo telas muito grandes, em razão da dimensão de Chapada', explica.

 

Ao longo da carreira como pintor, ele já comercializou quadros para diversos países, como Estados Unidos, Israel, Argentina e Chile. 'No Brasil também vendi muito, mas eram obras menores. Eu sempre comercializei muito mais pra fora do país', diz o artista, que hoje vive exclusivamente dos quadros que pinta.

 

Exposição

 

A residência do pintor, nas proximidades da região central de Chapada, se tornou também um espaço cultural. O local, intitulado Casa de Arte, exibe gratuitamente quadros pintados por Campello.

 

O lugar está localizado ao lado da Casa Palomino de Cultura. 'A visitação é gratuita. Além de conhecer os quadros, as pessoas também podem adquiri-los, caso queiram', explica.

'O mais importante é mostrar a nossa arte, a venda é consequência. A arte é muito importante. Levo muito em consideração o aspecto do tempo. A gente faz uma obra esperando que ela dure de 500 a mil anos', completa.

Em 21 de junho, Campello exibirá suas obras em uma exposição no Bistrô da Mata, em Chapada dos Guimarães. 'Acredito que seja um local que tenha tudo a ver com as minhas obras, em razão da paisagem e do lugar', pontua.

A mostra, que tem apoio da empresa Ferraz Energética, deverá permanecer no local por um mês. 'Depois pretendo levá-la para outro lugar, mas não há definição ainda. Talvez em São Paulo, mas ainda não há local definido', diz.

Parte do valor arrecadado através das vendas das obras expostas nesta exposição serão entregues para o projeto social Inclusão social através da Arte aplicado às crianças de 7 a 11 anos por Meg Marinho.

Patrocínio de Ferraz Energética, Bistrô da Mata, Pousada Araras e Casa de Arteira.

Apoio criativo e logístico de Ângela Godinho, Dr. Chris Eve, Natielly Santos e Fabrícia Campello.

Curadoria de Dra. Val Eve diretora da Ferraz Energética e atua cerca de 30 anos no mercado das Artes Plásticas.

Para mais informações sobre o trabalho de Campello ou sobre a exposição, o telefone de contato do artista é (65) 99816-8103.